Por Renato Vargens
Era uma vez um pastor de uma pequena igreja chamado José (nome fictício).
José era um líder comprometido com Cristo e com a pregação do Evangelho,
no entanto, os resultados do seu trabalho não estavam aparecendo tão
rápido como ele gostaria. Diante disso, os diáconos de sua igreja
resolveram pressioná-lo ameaçando-o com a demissão caso que ele
continuasse pregando sobre temas tão ultrapassados. Afinal de contas,
diziam eles, ninguém está interessado em ouvir sobre, pecado, inferno,
salvação das almas, santidade de vida e compromisso com o Reino. Nos
dias de hoje, defendiam os diáconos, o povo quer ouvir sobre
prosperidade, bênçãos, enriquecimento, vitórias e alegrias perene.
Pois bem, José com medo de perder a Igreja cedeu a pressão. E a
primeira coisa que fez foi transformar a reunião de oração do meio da
semana em culto da prosperidade. O pastor ficou impressionado com o
resultado! Não é que deu certo? Pensou ele consigo mesmo! "Antes
tínhamos no culto 10 pessoas, agora temos 100! Isso é bom demais",
vociferou o encantado pastor. Logo depois, José entendeu que o povo
precisava quebrar algumas maldições hereditárias, para tanto, ele criou a
"sexta feira forte da quebra das maldições provenientes do diabo." Não
é que dobraram o número de frequentadores?
Vendo que suas ações estavam funcionando, José resolveu não mais pregar o
velho evangelho. Na verdade, ele entendeu que o pastor precisa pregar
aquilo que o povo quer ouvir e que essa história de defender as
doutrinas da Bíblia não tá com nada e que a melhor coisa que pode ser
ser feita por um líder é pregar sobre as bênçãos de Deus.
José estava tão encantado com um número de pessoas em seus cultos que
começou a achar que era uma pessoa especial. Nessa perspectiva, resolveu
ser apóstolo. Pois bem, ele marcou um "poderoso" culto de coroação e
diante de uma platéia extasiada pelo poder, foi consagrado "Apóstolo
principal da fé evangélica cristã dos últimos dias." Se não bastasse
isso, o agora apóstolo José, começou a ter várias revelações que segundo
ele, eram tão importantes quanto a Bíblia. José mesmo passou afirmar
que aquilo que falava tinha o mesmo peso das Escrituras e que devido a
isso, ninguém poderia contrapor-se aos seus ensinamentos e caso alguém o
fizesse estaria tocando no ungido do Senhor.
Um dia, José ao chegar ao aeroporto de sua cidade para pegar o seu avião
particular, encontrou com um antigo amigo de seminário, que ao
contrário do apóstolo manteve-se firme pregando o evangelho.
José quando viu o colega declarou: "Eu te abençoo com a minha unção apostólica"
O colega que já sabia das loucuras de José disse: "Como é que é? Não
entendi! Por favor José, me diga em que lugar das Escrituras encontramos
essa história de unção apostólica?"
José, cheio de ira se interpôs a fala do pastor dizendo: "José não,
apóstolo divinizado José. Como ousa falar isso com o ungido do Senhor?"
O seu antigo amigo, replicou dizendo: "Pelo que eu saiba o ungido na Bíblia é Cristo e não você!"
José com cara de nojo e desprezo respondeu: "Cristo me escolheu para
ser o patriarca apostólico, portanto, trate-me com reverência e
respeito."
O amigo de José tentando argumentar disse: "O que houve com você? Cadê
aquele servo de Deus que pregava o Evangelho? O que você se tornou?"
José sem titubeios respondeu dizendo: "Eu não me tornei, eu sou." Aquele
evangelho fraquinho que pregava não produzia frutos. Deus me concedeu
uma grande revelação e agora eu prego o que dá certo." Alias, já está
tarde, estou atrasado, tenho que ir embora."
Estendendo a mão em direção ao amigo, José mostrou o seu anel
apostólico, cravejado de diamantes no intuito de que o antigo colega de
seminário o beijasse.
Como o seu amigo se recusou a cometer tal sandice, José o amaldiçoou com suas pragas apostólicas.
Pois é, o ex-colega de José, triste com o que viu, chegou a conclusão
que o outrora pastor tinha vendido a alma tanto para o pragmatismo como
para o diabo.
Renato Vargens - Portal UMP Lagarto
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