terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A polêmica da política na igreja

Bem mais que sorrir, o importante é transpor alegria verdadeira. (Michael Cyrus)

“Se existissem duas asas para o sucesso de um líder, uma delas seria o carisma e a outra o caráter”. Esta é uma afirmação de um certo amigo meu (…) Quando analisei o ponto de vista dele em relação ao contexto de envolvimentos de líderes cristãos no universo da política brasileira, logo, entendi o sentido desta afirmativa.

A liderança carismática é algo muito favorável para o relacionamento mútuo entre líder e liderado, pois o carisma gera uma imagem ‘agradável e acessível’ do líder e desencadeia um entendimento muito positivo na mente dos subordinados. Pelo carisma é possível se aproximar das pessoas e fazer com que pedidos se tornem em ordens (sem a carga da pressão e da imposição).

Mas, o carisma por si só, não sustenta a imagem positiva de um líder por muito tempo, pois o carisma na verdade é uma vestimenta, é um recurso, que adorna e atenua as indiferenças… O caráter é o que realmente consolida, fixa e mantém os subordinados a favor do seu líder. A idéia do “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço” é o pior dos enganos.

As palavras complementam as ações. Quando se fala e não se vive o que diz, quando se diz e não se cumpre, aí tudo tende a ruir. Há um provérbio popular que diz que ‘o cristão não é obrigado a tratar, mas é o obrigado a cumprir quando trata’.

Imaginemos o caráter como o conteúdo, aquilo se realmente se é por dentro e aquilo que se tem, já o carisma é a embalagem, das mais atraentes possíveis (…) Pode ser que alguém se encante pela aparência, pelo tom da cor, pelo cheio… Mas, realmente o que fará duradoura a relação, é se o conteúdo quando provado, tenha realmente o sabor prometido de fato, e que atenda as necessidades como prometido.

Alguém pode até confiar num líder em decorrência da maneira de como ele expressa e por sua forma de se relacionar, ou seja, pelo carisma, porém, perpetuar a confiança obtida dos liderados, dependerá muito do caráter do líder. O difícil não é conquistar pessoas, o desafio é manter a confiança delas.

Jesus é o maior exemplo de uma liderança carismática, porém com caráter e integridade humana. O Mestre tinha as duas naturezas, a divina e a humana, mas o que abordo aqui é a vivência humana dele. Todos os relatos bíblicos mostram que a personalidade de Jesus tinha duas coisas muito bem relacionadas: vida e voz. Ele vivia o que falava e falava o que vivia.

O Mestre é contra os mercadores da fé, conforme relatado em Marcos 11:15, Ele mostrou de maneira muita expressiva toda a sua aversão àqueles que utilizam o templo como portal para o capitalismo, seja em que modalidade for. No entanto, Jesus nunca condenou ninguém por ser político, empresário… O posicionamento de repulsa do Mestre é em relação àqueles que utilizam a igreja como plataforma para os interesses capitalistas, ainda que tenham a “fé como rótulo dos produtos”.

Vivenciamos a atualidade de um mundo em crise, onde o comércio e as oportunidades de negócios e interesses pessoais (alheios à vontade de Deus) não estão somente na porta dos templos, mas dentro deles, e mais precisamente em cima dos púlpitos em alguns lugares. Utilizar um lugar santo para pedir votos, comercializar e difundir interesses materiais, é na verdade um verdadeiro exemplo de descaso com a Palavra de Deus.

Como dizem as santas escrituras: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males“. (1 Timóteo 6:10)

É bem verdade que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja (Mateus 16:18), mas os líderes que perderem o foco da verdadeira missão – buscar e arrebanhar almas para Cristo, talvez percam a grande oportunidade de se manter íntegros, e assim perderão a confiança dos seus liderados. Pois não adianta somente pregar a Palavra, vivenciá-la é o que faz toda a diferença positiva. Mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! (Mateus 18:7b)

Quem consolidou a igreja foi o Senhor Jesus, Ele é suficiente para prover oportunidades de recursos e assim dá a capacidade e a sustentabilidade da obra missionária sem a necessidade de comercialização da fé e certos acordos políticos, os quais limitam a atuação da igreja e a postura de algumas lideranças cristãs.

Continuemos a interceder pelos líderes cristãos, para que eles entendam os limites da política e a igreja, dos negócios do mundo capitalista e a verdadeira obra missionária, e assim possam discernir o sagrado do profano, sabendo que não pode haver mistura das duas coisas. Afinal, a luz não se une com as trevas.

No amor de Cristo,

Michael Cyrus

www.vidaevoz.com

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